12.26.2008

A Casa das Cobras

A experiência com as cobras não é algo que está lá, e sim algo que permanece aqui, porque eu sempre estive lá.
Certa vez durante um passeio encontrei uma casa abandonada, confesso ser apaixonada por ruínas e coisas antigas, paredes aos pedaços me atraem, mato até o joelho, calor de 38 graus, lama e terra, a uma distância de 100 metros de lugar nenhum, sempre foi o suficiente... Um aviso, uma placa branca, letras em negrito...impossível não devorar a mensagem com fascínio:
[Casa das Cobras, não se aproxime]

Se vocês soubessem, como me arrependo de não ter ido, coisas de adolescente, vontade de desbravar, de tocar, de sentir, de correr os riscos... Aquelas imagens que ficam na memória, trazendo imensos e enigmáticos significados. Estes animais peçonhentos me atraem, da mesma forma que me assustam, sabedoria e perspicácia, símbolo da intuição, a sedução regada pela ânsia de um veneno capaz de libertar. Já me referi uma vez no início dos devaneios sobre a Casa do Sol, na época em que conversávamos sobre coisas que você não conhecia. Hoje você conhece?
A história das cobras já é um pouco antiga, peguei em umas anotações com tinta borrada no meu fichário, na verdade é uma visualização que fiz, ela fala sobre a busca do desconhecido, o perigo que alimenta, excita, sobrevém.
Fico imaginando se hoje você conhece.
Eu não precisava estar aí, nunca precisei...

Trágicas conquistas!

5 comments:

mandy said...

Já estive à porta da casa de tantos perigos. Quem nunca esteve?
Por ousadia, atravessei algumas. Me feri, mas aprendi.
Às vezes eu penso: precisava disso para eu aprender?
A jovem de sempre querendo fugir do senso comum. Querendo abraçar o mundo com os braços e as pernas. Fazer o possível e o impossível.
O que eu aprendi? Que eu não deveria ter ido lá. Mas as cicatrizes que ficaram me ensinaram muito mais do que um "vá" ou um "fique".
As experiências da vida são muito mais do que as lições que tiramos delas, pois essas são muito superficiais.
Já entrei na casa das cobras procurando por antídotos, já estive lá pela empolgação do diferente, já estive lá pela atração do risco... Já tive os meus motivos, talvez hoje não os tenha mais, talvez só por isso eu nunca tenha voltado.
E se um dia algo me motivar novamente? Será que eu ainda irei me lembrar daquela placa de "não se aproxime"?

Anonymous said...

Eu sei como é se arrepender de não ter feito algo...Aprendi que não posso me arrepender sem tentar, prefiro viver com o porque eu fiz do que porque não fiz, aprendi que nem tudo que me fascina é fascinante, nem tudo que me assusta é assustador, trago na memória imagens de atos, fatos, choro, riso, abraços, beijos, mas, trago ainda a lembrança de algo que o veneno tirou de mim, ainda luto com a lembrança de um Animal metido a homem que me tirou o brilho de criança do meu viver...Então mesmo sabendo que posso me arrepender ainda pago pra ver o que tem dentro da Casa das Cobras e saio de lá sabendo que sou a única responsavel por ignorar o não se aproxime....
BY AEKA STAHELI

Anonymous said...

Minha moradia! A placa de aviso são apenas boas-vindas... já não traz curiosidade ou medo e o veneno é um vício que já não vivo sem... E mesmo sabendo o gosto que tem e o quanto ele é prejudicial cada visita é como se fosse a primeira, emocionante e trágica =) Mais sem isso a vida seria muito sem graça... por isso eu busco , afinal só lá me sinto em casa...

Mih*Salem said...

A casa das cobras me parece tão comum a todas, ou será impressão?

Artemis está predominando neste post! Na vida encontraremos centenas, milhares de placas dizendo "não se aproxime"...mas afinal, eu não sei ler mesmo hahaha

bjuxxx e blesses a todas!

Unknown said...

viver a vida sem correr risco n e viver, seguir palcas so vai leva vc ate onde outros ja foram...ignorar placas nos leva a caminhos nunca descobertos
:)